Dizem que um dos acordos para que fosse autorizada a nossa
independência foi contratar uma dívida externa
em condições supervantajosas para o contratante.
Parece que era vitalícia e inquebrável.
Chegamos a setembro mais podres que nunca. Sai um bando de
horríveis para a entrada de piores. A única
conversa ouvida em rádio, televisão e jornal
é dólar, mercado, economia estável, estatísticas
e outras guloseimas para aqueles contratantes de mais de um
século atrás que só fizeram engordar
desde então. Obviamente, presidentes falastrões
só fazem mais ridícula toda essa relação
empregado-empregador. Ao menos o presidente anterior demonstrava
sua alegria de funcionário do mês, com aquela
sua elegância cínica e ordinária. Deixo
claro que o empregador são aqueles que controlam o
sistema econômico e pseudoprodutivo neste país
― pseudo porque o que realmente proporciona muita
riqueza e ao mesmo tempo muita miséria é a agiotagem
interminável. Os empregados são os três
poderes que servem a esses senhores em um belíssimo
teatro de sombras, em que o povo, mais conhecido por plebe
rude, faz o papel de palhaço.
Gasta-se um dinheirão nestas paradas cívicas
de 7 de setembro. Para mostrar o quê? Não sei!
Desfiles de soldadinhos cuja função fica cada
vez mais anacrônica, servindo para ocupar imensas quantidades
de pessoas com baixo nível de escolaridade e intelectualidade,
assim como acontece com a lei que obriga postos de gasolina
a contratar frentistas, ou gigantes que nunca quebram pelo
único motivo de que poriam milhares nas ruas, que se
juntariam a outros milhares que não têm função.
Quando a criminalidade
aumenta e não pára de acontecer, ficam aqueles
sujeitinhos televisivos a
esbravejar contra a conseqüência, e não
contra a causa. Hábito nacional de
sempre destacar a conseqüência e tapar o sol com
a peneira ou tapar com
cortinas de fumaça a realidade inaceitável.
Imaginar que botar para fora alguns picaretas resolverá
tudo é uma ilusão que está sendo muito
bem vendida pelos senhores empregadores, e uma vez aceita
pela sociedade, será a permanência da mediocridade
como parâmetro para o País.
Sempre detestei o 7 de Setembro com suas paradas militarescas
e autoridades de papel, comemorando algo que nunca aconteceu.
Mais uma farsa no País do faz-de-conta.
Afonso de Luca
Artista Plástico
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